O feriado da “Proclamação da
República nunca me parece devidamente festejado, tanto quanto os outros, como
por exemplo: o “7 de setembro”, hoje acrescido espertamente pelo “Dia Nacional
de Luta dos Excluídos; o nosso “Heroico 2 de julho”, a cada dia mais nacional;
e, houve uma época em que até a famigerada data da” Gloriosa Revolução de 31 de
março de 1964” era festejada, apesar de ter se efetivada no dia “Primeiro de
Abril”, Dia Nacional da Mentira! Que ironia. Fato que felizmente já foi para o
lixo da história.
Como candidato a educador, sempre
me questionei e busco sempre respostas, sobre o porquê não festejar a passagem
de um regime de governo baseado no “direito divino” de sei lá quem, ou
simplesmente hereditário, sanguíneo e familiar, para um governo livremente
eleito pelo povo, periodicamente renovado e/ou submetido ao julgamento popular,
mesmo se considerarmos todas as mazelas do nosso confuso e até imoral, às
vezes, sistema eleitoral.
Assim, tenho observado que mesmo
comemorando 121 anos de republica, ainda mantemos como tratamento formal nas
casas legislativas, nos níveis municipais, estaduais e federais, do adjetivo
“nobre”, antecedendo as posteriores denominações qualificativas de seus
membros. O mesmo acontecendo em alguns tribunais ou instancias do poder
judiciário. Não vou nem lembrar, por vergonha, o ridículo “Magnífico”, exigido
pelos reitores das nossas “grandiosas” universidades ou caricaturas e
assemelhadas. Aliás, no Recôncavo Baiano, felizmente o sentimento popular foi
mais sábio e democrático, universalizando o tratamento de “meu rei!”, a todos.
Felizmente um pouco de bom senso, quem sabe, acompanhando muita ironia.
Aproveitando a oportunidade das
recentes eleições, devo confessar que observei um tanto decepcionado, inclusive
por alguns sucessos obtidos, o processo de intensificação dos laços familiares
de diversas ordens, configurando vários tipos de agregações de candidaturas a
quem já chamei, em outra oportunidade, de diversos apelidos, como
“guarda-chuva”, “esquenta-nome”, “mamãe eu quero…”, etc. Apesar da lei contra o
nepotismo, observei os casos mais variados de “mulher de…”, “filho de…”, ou até
tentando se perpetuar como “neto de…”. Nos casos de eleições, em que os nomes
são expostos, pode-se dizer que, pelo menos, passaram, ainda que de carona,
pelo crivo do voto. Parece-me muito mais grave, o caso das famigeradas
suplências ao senado, nas quais os nomes, sequer aparecem, prestando-se assim
aos mais inconfessados objetivos, em principio, nada republicanos.
Gosto e costumo dizer que nunca
me aposentarei do papel de educador e, assim, até morrer, estarei tentando
ensinar a distinguir o “público” do “privado”, a “res publica”, a coisa
pública, racional, coletiva e social, da coisa do plano privado, afetivo,
individual e subjetivo. E quem sabe um dia, mesmo que seja na minha mais
longeva idade, eu possa ouvir o tratamento de “cidadão”, não quero nem o de
“senhor”, abolido por decreto na Revolução Francesa, e ao qual respondo,
sempre, com um irônico, “O senhor está no céu”! Então, creio que poderei morrer
feliz, proclamando e festejando, enfim: ”VIVA A REPÚLICA!”.
PASSSARINHAS
- Em uma eleição na década de 90,
um candidato ao Senado, Ivan Carvalho, observando que até a candidatura das
esquerdas tinha um suplente parente, criou um bordão eleitoral dizendo mais ou
menos assim: “O ÚNICO QUE NÃO TEM PARENTE NA CHAPA!” Não venceu as eleições,
mas ficou a lição, ou pelo menos aqui fica o registro histórico e uma singela
homenagem ao companheiro.
UM APELO – Neste dia 15 de
Novembro, lembre a alguém, ou até tome mais uma, mas faça um brinde coletivo à
República, mesmo que seja agradecendo o “feriadão”.
Fonte: http://www.oreconcavo.com.br/
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