quinta-feira, 15 de novembro de 2012

Viva a República!


O feriado da “Proclamação da República nunca me parece devidamente festejado, tanto quanto os outros, como por exemplo: o “7 de setembro”, hoje acrescido espertamente pelo “Dia Nacional de Luta dos Excluídos; o nosso “Heroico 2 de julho”, a cada dia mais nacional; e, houve uma época em que até a famigerada data da” Gloriosa Revolução de 31 de março de 1964” era festejada, apesar de ter se efetivada no dia “Primeiro de Abril”, Dia Nacional da Mentira! Que ironia. Fato que felizmente já foi para o lixo da história.

Como candidato a educador, sempre me questionei e busco sempre respostas, sobre o porquê não festejar a passagem de um regime de governo baseado no “direito divino” de sei lá quem, ou simplesmente hereditário, sanguíneo e familiar, para um governo livremente eleito pelo povo, periodicamente renovado e/ou submetido ao julgamento popular, mesmo se considerarmos todas as mazelas do nosso confuso e até imoral, às vezes, sistema eleitoral.

Assim, tenho observado que mesmo comemorando 121 anos de republica, ainda mantemos como tratamento formal nas casas legislativas, nos níveis municipais, estaduais e federais, do adjetivo “nobre”, antecedendo as posteriores denominações qualificativas de seus membros. O mesmo acontecendo em alguns tribunais ou instancias do poder judiciário. Não vou nem lembrar, por vergonha, o ridículo “Magnífico”, exigido pelos reitores das nossas “grandiosas” universidades ou caricaturas e assemelhadas. Aliás, no Recôncavo Baiano, felizmente o sentimento popular foi mais sábio e democrático, universalizando o tratamento de “meu rei!”, a todos. Felizmente um pouco de bom senso, quem sabe, acompanhando muita ironia.

Aproveitando a oportunidade das recentes eleições, devo confessar que observei um tanto decepcionado, inclusive por alguns sucessos obtidos, o processo de intensificação dos laços familiares de diversas ordens, configurando vários tipos de agregações de candidaturas a quem já chamei, em outra oportunidade, de diversos apelidos, como “guarda-chuva”, “esquenta-nome”, “mamãe eu quero…”, etc. Apesar da lei contra o nepotismo, observei os casos mais variados de “mulher de…”, “filho de…”, ou até tentando se perpetuar como “neto de…”. Nos casos de eleições, em que os nomes são expostos, pode-se dizer que, pelo menos, passaram, ainda que de carona, pelo crivo do voto. Parece-me muito mais grave, o caso das famigeradas suplências ao senado, nas quais os nomes, sequer aparecem, prestando-se assim aos mais inconfessados objetivos, em principio, nada republicanos.

Gosto e costumo dizer que nunca me aposentarei do papel de educador e, assim, até morrer, estarei tentando ensinar a distinguir o “público” do “privado”, a “res publica”, a coisa pública, racional, coletiva e social, da coisa do plano privado, afetivo, individual e subjetivo. E quem sabe um dia, mesmo que seja na minha mais longeva idade, eu possa ouvir o tratamento de “cidadão”, não quero nem o de “senhor”, abolido por decreto na Revolução Francesa, e ao qual respondo, sempre, com um irônico, “O senhor está no céu”! Então, creio que poderei morrer feliz, proclamando e festejando, enfim: ”VIVA A REPÚLICA!”.

PASSSARINHAS

- Em uma eleição na década de 90, um candidato ao Senado, Ivan Carvalho, observando que até a candidatura das esquerdas tinha um suplente parente, criou um bordão eleitoral dizendo mais ou menos assim: “O ÚNICO QUE NÃO TEM PARENTE NA CHAPA!” Não venceu as eleições, mas ficou a lição, ou pelo menos aqui fica o registro histórico e uma singela homenagem ao companheiro.

UM APELO – Neste dia 15 de Novembro, lembre a alguém, ou até tome mais uma, mas faça um brinde coletivo à República, mesmo que seja agradecendo o “feriadão”.

Fonte: http://www.oreconcavo.com.br/

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Cosme Júnior