Cinco deputados estaduais e três
vereadores são investigados por suspeita de envolvimento com o esquema
criminoso no estado
Uma operação da Polícia Civil de
Rondônia revelou a existência de um esquema de financiamento de campanhas
políticas por traficantes. Em troca, os traficantes eram nomeados para cargos
fantasmas em gabinetes de deputados e vereadores, além de se beneficiarem de
verba desviada por meio de emendas parlamentares.
Nesta quinta-feira, a polícia
prendeu três vereadores acusados de participação no esquema e Roberto Rivelino
Guedes, o filho do presidente da Assembléia Legislativa, Hermínio Coelho (PSD).
Ao todo, a Justiça expediu 64 mandados de prisão. Oito parlamentares de
Rondônia – quatro vereadores e cinco deputados – são investigados por suspeita
de participação no esquema.
A polícia afirma que o esquema é
liderado pela dupla Alberto Ferreira Siqueira, o “Beto Baba”, e Fernando Braga
Serrão, o “Fernando da Gata”. Os dois traficantes tiveram a prisão decretada.
Segundo a polícia, Siqueira é funcionário do gabinete do deputado estadual
Adriano Boiadeiro (PRP). Já Serrão foi preso nesta manhã em Natal (RN).
As investigações começaram há um
ano e meio, durante diligências rotineiras contra o tráfico de drogas. De
acordo com a polícia, o foco da investigação mudou quando uma testemunha
relatou que traficantes tinham “diversificado” as atividades da quadrilha
contando com a influência de políticos de Rondônia.
Ao todo, os esquemas combinados
de tráfico e estelionato movimentaram 33 milhões de reais no estado. Entre os
bens do grupo estão duzentos carros, 25 imóveis e trinta empresas.
Assembléia – Suspeito de participação, o presidente da Assembléia,
Hermínio Coelho, teve, junto com outros quatro deputados – entre eles Boiadeiro
–, a função parlamentar suspensa por quinze dias por determinação da Justiça.
Todos também foram proibidos de entrar na sede da Assembléia nesse período.
Nesta quinta, a polícia cumpriu mandados de busca e apreensão nos gabinetes e nas
residências de Coelho, Boiadeiro, e dos outros deputados suspeitos – Cláudio
Carvalho (PT), Jean Oliveira (PSDB) e Ana da Oito (PT do B).
Os vereadores presos são Jair
Montes (PTC), Eduardo Rodrigues (PV) e Marcelo Reis (PV) – este último é também
apresentador de um programa policial na TV e foi o parlamentar mais votado na
eleição de 2012.
Traficante - Entre os traficantes suspeitos de participação no
esquema, segundo a polícia, está Michel Alves das Chagas, conhecido como
“Chimalé”. Velho conhecido da polícia de Rondônia, ele foi um dos líderes do
massacre da Casa de Detenção José Mario Alves, o Presídio Urso Branco, em 2002.
Foi uma das maiores chacinas da história do sistema prisional brasileiro: 27
presos foram mortos por outros detentos.
Pelos crimes, ele foi condenado a
486 anos de prisão. De acordo com a polícia, mesmo preso, o traficante tinha
contato freqüente por meio de telefone com os líderes do esquema.
Defesa - Em nota, a Assembléia disse que pretende cooperar com as
investigações, mas classificou a ação policial como “excessiva". A Câmara
Municipal de Porto Velho afirmou, também em nota, que "vai aguardar o
desenrolar das investigações" para adotar medidas em relação aos
vereadores investigados.
Fonte: http://veja.abril.com.br/
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