A Tribuna do Norte destaca que as
águas da transposição do rio São Francisco vão chegar ao Rio Grande do Norte no
final de 2015. Incluído no trecho 04 do projeto de integração do rio São
Francisco com bacias hidrográficas do Nordeste Setentrional, o RN será um dos
últimos Estados a receber os benefícios desta que é apontada como a obra mais
cara e de maior importância dentro do Programa de Aceleração do Crescimento
(PAC). O projeto executivo do canal que levará água para a bacia do rio
Piranhas-Açu está em fase de conclusão e o edital para a obra, de custo
estimado em R$ 1 bilhão, será lançado até maio.
As informações foram confirmadas
pelo titular do Ministério da Integração Nacional (MI), Fernando Bezerra
Coelho, durante visita aos canteiros de obra do Eixo Norte do projeto. Segundo
Bezerra, as obras do trecho que vão levar água para os municípios potiguares
serão iniciadas ainda este ano. “Vamos dar início ao canal que levará água a
partir de São José de Piranhas/PB com destino ao Rio Grande do Norte no segundo
semestre desse ano. O edital será lançado entre abril e maio”, destacou.
O dia exato do lançamento do
edital será anunciado no próximo mês durante uma solenidade que deverá contar
com a presença da presidenta Dilma Rousseff. “Haverá uma reunião do conselho
deliberativo do Sudene (Superintendência
de Desenvolvimento do Nordeste) no RN e queremos fazer o anúncio nessa
ocasião”, disse Fernando Bezerra. Durante a visita presidencial, a adutora do
Alto Oeste será inaugurada.
O RN é um dos quatro estados que
serão beneficiados com a transposição do rio São Francisco. Ceará, Pernambuco e
Paraíba completam a lista. As obras do projeto estão divididas em dois eixos:
Eixo Norte e Eixo Leste. Somados, os trechos terão mais de 500 quilômetros de
extensão. Atualmente, 43% das obras estão executadas e empregam mais de quatro
mil trabalhadores. A previsão do MI é a de empregar mais quatro mil pessoas nos
próximos meses. Orçado inicialmente em menos de R$ 5 bilhões, o projeto sofreu
um reajuste de 80% e hoje a obra não sai por menos de R$ 8,2 bilhões. Esse
valor sofrerá novo reajuste no próximo mês.
O ministro ainda não sabe quem
será o operador final do projeto. O MI está recebendo propostas de empresas que
querem operacionalizar o sistema de distribuição da água do São Francisco e um
relatório será apresentado até o início de março. Para receber a água do São Francisco,
os estados precisam se preparar. A recuperação de açudes é uma necessidade
primária. Segundo Fernando Bezerra, os açudes de Angicos, Pau dos Ferros, Santa
Cruz e a barragem Armando Ribeiro Gonçalves serão recuperados ainda esse ano.
Projetos de saneamento e esgotamento sanitário também devem existir e os
estados precisam correr contra o tempo e solicitar projetos ao Governo Federal.
Entenda detalhes do projeto.
O Projeto de Integração do Rio
São Francisco com as Bacias Hidrográficas do Nordeste Setentrional prevê a
construção de dois canais: o Eixo Norte que levará água para os sertões de
Pernambuco, Ceará, Paraíba e Rio Grande do Norte e o Eixo Leste que beneficiará
parte do sertão e as regiões agreste de Pernambuco e da Paraíba.
O Eixo Norte, a partir da
captação no rio São Francisco próximo à cidade de Cabrobó – PE, percorrerá
cerca de 400 km, conduzindo água aos rios Salgado e Jaguaribe, no Ceará; Apodi,
no Rio Grande do Norte; e Piranhas-Açu, na Paraíba e Rio Grande do Norte. Ao
cruzar o estado de Pernambuco este eixo disponibilizará água para atender as
demandas de municípios inseridos em 3 sub-bacias do rio São Francisco: Brígida,
Terra Nova e Pajeú. Para atender a região do Brígida, no oeste de Pernambuco,
foi concebido um ramal de 110km de comprimento que derivará parte da vazão do
Eixo Norte para os açudes Entre Montes e Chapéu.
Projetado para uma capacidade
máxima de 99 m³/s, o Eixo Norte operará com uma vazão contínua de 16,4 m³/s,
destinados ao consumo humano. Em períodos recorrentes de escassez de água nas
bacias receptoras e de abundância na bacia do São Francisco (Sobradinho
vertendo), as vazões transferidas poderão atingir a capacidade máxima
estabelecida. Os volumes excedentes transferidos serão armazenados em
reservatórios estratégicos existentes nas bacias receptoras: Atalho e
Castanhão, no Ceará; Armando Ribeiro Gonçalves, Santa Cruz e Pau dos Ferros, no
Rio Grande do Norte; Engenheiro Ávidos e São Gonçalo, na Paraíba; e Chapéu e Entre
Montes, em Pernambuco.
O Eixo Leste que terá sua
captação no lago da barragem de Itaparica, no município de Floresta – PE, se
desenvolverá por um caminhamento de 220 km até o rio Paraíba – PB, após deixar
parte da vazão transferida nas bacias do Pajeú, do Moxotó e da região agreste
de Pernambuco. Para o atendimento das demandas da região agreste de Pernambuco,
o projeto prevê a construção de um ramal de 70 km que interligará o Eixo Leste
à bacia do rio Ipojuca.
Previsto para uma capacidade
máxima de 28 m³/s, o Eixo Leste funcionará com uma vazão contínua de 10 m³/s,
disponibilizados para consumo humano. Periodicamente, em caso de sobras de água
em Sobradinho e de necessidade nas regiões beneficiadas, o canal poderá
funcionar com a vazão máxima, transferindo este excedente hídrico para
reservatórios existentes nas bacias receptoras: Poço da Cruz, em Pernambuco, e
Epitácio Pessoa (Boqueirão), na Paraíba.
Os eixos de integração foram
concebidos na forma de canais de terra, com seção trapezoidal, revestidos internamente
por membrana plástica impermeável, com recobrimento de concreto. Nos trechos de
travessia de rios e riachos serão construídos aquedutos, sendo previstos túneis
para a ultrapassagem de áreas com altitude mais elevada. Para vencer o desnível
do terreno entre os pontos mais altos do relevo, ao longo dos percursos dos
canais, e os locais de captação no rio São Francisco, serão implantadas 9
estações de bombeamento: 3 no Eixo Norte, com elevação total de 180m, e 6 no
Eixo Leste, elevando a uma altura total de 300m.
Ao longo dos eixos principais
e de seus ramais, serão construídas 30 barragens para desempenharem a função de
reservatórios de compensação, permitindo o fluxo de água nos canais mesmo
durante as horas do dia em que as estações de bombeamento estejam desligadas
(as bombas ficarão de 3 a 4 horas por dia desligadas para reduzir os custos com
energia.
Fonte: Blog do JP e Ministério da
Integração Nacional.
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