Não é de hoje a
dependência de prefeitos em mãos de agiotas. Enquanto os agentes públicos
aumentam o patrimônio, a agiotagem engorda, as cidades ficam abandonadas. São
116 prefeitos e 16 deputados estaduais presos aos bolsos dos agiotas.
Na Assembleia
Legislativa do Estado do Maranhão até hoje agiotas são vistos com frequência em gabinetes de
deputados, principalmente quando se aproxima o dia do pagamento dos salários dos
parlamentares (dia 24 de cada mês) e da liberação da verba indenizatória (no
máximo até o dia 10).
Pacovan (hoje o maior
de todo o Maranhão) e Gláucio (acusado de mandar executar o jornalista Décio
Sá), Miranda (pai de Gláucio) eram as visitas mais frequentes, mas existem
outros que mandavam cobradores, como Pedro Dorico (de São Domingos do Maranhão),
Figueiredo, Pedro Teles, Rodrigo Gordo e o próprio deputado Marcos Caldas, que
oficializou os negócios com a criação de uma factoring.
Em cada municípios a
prática da agiotagem é visível. Os prefeitos sempre estão tomando e devendo. As
margens de juros oscilam, mas existem casos em que os cofres municipais bancam
até 60% e ainda assumem o compromisso de negociar a merenda escolar,
medicamentos, materiais de expediente e construção de obras. Boa parte dos
agiotas é dono de empresas do ramo.
Junto às prefeituras
agem os mesmos acima citados. As prefeituras mais argoladas são Bacabal, Arari,
Gofredo Viana, Cururupu, Zé Doca, Rosário, Humberto de Campos, Cajapió, São
João Batista, Raposa, Presidente Vargas, Newton Bello e São Roberto.
Bacabal e Cururupu são
as mais arrombadas. O ex-prefeito Pestana deve quase R$ 8 milhões para cinco
agiotas, dentre eles Pacovanm e Glaúcio. Até Júnior Franco também está deixando
o município no vermelho.
Na cidade de Bacabal,
para que se tenha idéia do crime, o médico e prefeito Raimundo Lisboa atolou o
município em mais de R$ 12 milhões. Só para Gláucio e Pacovan a dívida
ultrapassa a mais de R$ 8 milhões. Todos dois têm cheques em branco assinados
por Lisboa.
Em Zé Doca, o prefeito
Natim se elegeu com o dinheiro da agiotagem, embora seja um dos maiores
fazendeiro e madeiro da região. Sua fortuna só aumenta enquanto a pobreza
cresce.
Alguns agiotas são
proprietários de postos de combustíveis. Emprestam o dinheiro para prefeitos e
recebem com notas fiscais frias dos postos. Existem casos em que o posto está
localizado em uma cidade e o prefeito abastece os carros da prefeitura com mais
de 200 km distantes uma da outra.
Ao final de cada gestão
os prefeitos deixam os cargos ricos, com carrões, fazendas, mansões,
apartamentos de luxo e filhos formados em Medicina pelo Ceuma. E os municípios
ficam devendo rios de dinheiro.
Agora, com as novas
investigações pela polícia sobre agiotagem no Maranhão o quadro pode mudar. A
ação descarada pode se inibir.
Fonte: http://www.luiscardoso.com.br/
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