domingo, 8 de abril de 2012

Semana Santa: As tradições rituais se renovam e se mantêm com as novas gerações.

A tradição da Semana Santa e das comemorações de Páscoa, que são, muitas vezes, tidas apenas como um feriado prolongado e um pretexto para que as crianças ganhem chocolates de presente, é, de fato, para a tradição cristã, uma lembrança e uma forma de reviver a morte e ressurreição de Jesus Cristo.

Para o professor de Antropologia da Universidade Federal do Pará (UFPA), Heraldo Maués, a crença na morte e ressurreição de Cristo constitui um dogma central do cristianismo. Segundo ele, todas as religiões messiânicas, como o cristianismo e o judaísmo, “baseiam-se na crença da vinda de um Salvador ou de um acontecimento milagroso e extraordinário que restaure um passado mítico de felicidade, uma espécie de Paraíso Perdido”.

Nessas religiões sempre há um líder, um Messias, que, com seu sacrifício, resgata seus seguidores do sofrimento. No caso específico do cristianismo, esse líder é uma das pessoas da Santíssima Trindade, o próprio Deus, que se faz homem na figura de Cristo, prega a conversão da humanidade, é perseguido, morto, crucificado e, em seguida ressuscita, “garantindo a seus seguidores uma nova vida através, também, da ressurreição, para que atinjam vida eterna de felicidade, num outro plano, num outro mundo”, afirma o professor Maués.

Sete: o número perfeito - O professor também destaca a ênfase dada ao número sete na tradição cristã, que se repete diversas vezes em rituais e passagens da Bíblia. O número 7 é perfeito, pois representa a soma de 3 e 4. “O número 3 é o número da Santíssima Trindade, enquanto o número 4 é o da totalidade e, entre outras coisas, representa os Evangelhos”, explica Heraldo Maués.
Na tradição pascal temos as sete palavras de Cristo na cruz, fato que inspira o famoso Sermão das Sete Palavras, também conhecido como Sermão das Três Horas de Agonia. Além disso, também há a Visita às Sete Igrejas.

Fora das comemorações de Páscoa, o número sete também tem outros significados muito importantes. Sete é o número de dias da semana e Deus criou o mundo em sete dias, sendo o último o dia de descanso. Outras referências são que o cativeiro da Babilônia durou 70 anos, a tradução da Bíblia hebraica para o grego teve setenta tradutores, Jesus diz para o apóstolo Pedro que não se devem perdoar apenas sete, mas setenta vezes sete, entre outras coisas.

Tradições que se renovam - As tradições rituais se renovam e se mantêm com as novas gerações porque sempre estão se reinventando e, muitas vezes, a origem histórica daquilo se perde com o tempo. Heraldo Maués exemplifica, com a tradição do sacrifício, como uma forma de oferenda aos deuses, ou a Deus. No cristianismo, acontece a renovação constante do sacrifício de Cristo na cruz, por meio do pão e do vinho. Com esses elementos, os fiéis representam o consumo do corpo e sangue de Cristo para se purificar dos pecados e se identificar simbolicamente com a divindade.

Tudo muda na vida social, nada permanece estático”, afirma o professor. Alguns arquétipos ou estruturas persistem milênios porque podem adaptar-se ou atualizar-se em função de novos tempos, de novas necessidades sociais, de novas formas de mentalidade. O próprio Cristianismo já tem hoje mais de dois mil anos. “Toda tradição se mantém porque se renova, é constantemente atualizada e reinventada, embora mantenha certos aspectos fundamentais inalterados”, explica Heraldo Maués.

Fonte: Assessoria de Comunicação da UFPA.

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Cosme Júnior