Texto-base elaborado após
Congresso barrar plebiscito sobre mudanças na política é apresentado e entra
agora em tramitação. Após quatro meses,
o grupo de trabalho da Câmara dos Deputados responsável pelo projeto de reforma
política concluiu nesta terça-feira, 5, a redação final do texto, que prevê
unificar as eleições a cada quatro anos, acabar com a reeleição e instituir o
voto facultativo no País. O texto também institui o voto distrital e reformula
o modelo de financiamento de campanha: doações passam a ser feitas a partidos, não
mais a candidatos.
Por se tratar de proposta de
emenda constitucional (PEC), o texto agora será discutido em uma comissão
especial da Câmara. Depois, precisa passar pelo plenário e seguir ao Senado. A
ideia é que, após ser aprovado nas duas Casas do Congresso, a PEC seja
submetida a um referendo popular.
O objetivo é que o texto vigore
nas eleições municipais de 2016, quando prefeitos e vereadores teriam, pelas
novas regras, dois anos a mais de mandato para permitir que, a partir de 2018,
as eleições para que todos os cargos coincidam. Os deputados prometem entregar
ainda hoje o texto ao presidente Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN) a fim de que
comece a tramitar na Casa.
Criado em julho, na esteira das
manifestações nas ruas, o grupo coordenado pelo deputado Cândido Vaccarezza
(PT-SP) foi uma reação do presidente Henrique Alves à proposta da presidente
Dilma Rousseff de se fazer uma ampla reforma política, aprovada em um
plebiscito. Essa ideia foi rejeitada, pelos aliados e pela oposição.
A redação da PEC que saiu do
grupo de trabalho altera o sistema eleitoral e determina que as Unidades da
Federação sejam divididas em circunscrições eleitorais, cada uma com direito a
ocupar de quatro a sete lugares na Câmara. O objetivo é aproximar o candidato
do eleitor. Segundo Vaccarezza, Estados menores teriam duas subdivisões, com
quatro deputados cada. Já São Paulo, dono da maior bancada, teria 10
circunscrições, cada uma com 7 deputados.
Quanto ao financiamento das
campanhas, o texto estabelece que os partidos poderão decidir se elas serão
custeadas exclusivamente com recursos públicos, privados ou por uma solução
mista. A redação determina, no entanto, que os recursos não poderão ser
arrecadados enquanto não for determinado, por lei, um limite máximo de gastos.
Também ficam vedadas as doações diretas a candidatos, cabendo às legendas
distribuir os recursos.
A PEC também colocou cláusulas de
desempenho para partidos e para candidatos. Pelo texto, terão acesso ao Fundo
Partidário, a rádio e TV as siglas que tiverem obtido, na eleição anterior, ao
menos 5% dos votos apurados na Câmara, distribuídos em um terço dos Estados.
Confira o que muda:
Reeleição. Cargos executivos
teriam um só mandato de quatro anos. Eleições seriam gerais, unificadas.
Voto facultativo. Comparecer às
urnas a cada dois anos para votar deixaria de ser obrigatório.
Sistema eleitoral. Áreas
eleitorais seriam criadas para que parlamentares fossem eleitos a partir do
voto distrital.
Financiamento. Doações teriam de
ser feitas somente aos partidos, que optariam por financiamento privado,
público ou ambos.
Desempenho. Seria criado um novo
critério de desempenho para os partidos a fim de que possam usufruir do Fundo
Partidário e do tempo de rádio e televisão nas eleições.
Fonte: O Estadão
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