segunda-feira, 30 de janeiro de 2012

Frutas do São Francisco


Iremos apresentar aos nossos web leitores uma reportagem sobre a fruticultura nos estados da Bahia e Pernambuco. Graças às águas do Rio São Francisco é possível produzir frutas de qualidade o ano inteiro. Hoje mostraremos a plantação de uva e a produção de vinho em plena caatinga nordestina. 

Reportagem.
 
O Canal Rural Na Estrada está indo para um outro projeto de irrigação. A equipe percorre um emaranhado de estradas de chão pelo interior do Vale do São Francisco. É difícil, ao ver essa caatinga, uma vegetação tão seca e o um clima tão árido, imagina que se consiga produzir tanta fruta.

A colheita das uvas de mesa, destinadas à exportação, está no auge. Qualquer descuido pode danificar os frutos e fazer o produto perder valor. É preciso atenção e dedos delicados. Por isso, praticamente só se vê mulheres trabalhando.

Apesar de ser possível colher uva o ano inteiro, em um propriedade em Petrolina, a safra acontece apenas nos meses de setembro, outubro e novembro.

O que nos faz escolher esse período é justamente a oportunidade da janela de exportação, onde conseguimos ter maior brecha e uma maior gama de países atendidos – explica o produtor Rodrigo Alapenha.

Poucos minutos depois de colhidas, as uvas já estão chegando ao packing, a unidade de seleção e embalagem. A câmara fria para armazenar o produto fica a 40 quilômetros de distância.

Aqui a gente tem grandes problemas com estradas não pavimentadas. A gente perde muito tempo nesse transporte, porque tem que ir muito devagar para não causar danos mecânicos a mais na uva. O tempo ideal de colheita até a câmara é de duas horas. A gente não consegue fazer isso. Dá mais de duas horas só no transporte – explica a produtora de uvas, Roberta Ferreira da Costa.

Isso sem falar nos custos de exportação.

Tudo os gastos são descontados do preço final que a uva é vendida. Câmara fria, transporte marítimo, porto, aduaneiro, tudo somos nós produtores que pagamos no preço final.

As dificuldades dos produtores de uva preocupam o secretário de Irrigação de Petrolina, Newton Matsumoto. Ele foi um dos pioneiros da produção desta fruta e diz que o dólar em baixa prejudica quem planta uvas para exportar.

Em outro ponto do Vale do São Francisco, tem mais riqueza brotando no meio da caatinga. São uvas para a produção de vinho. A mistura de sol o ano inteiro com água abundante da irrigação permite colher o ano inteiro. Os tonéis de fermentação estão cheios com vinhos de várias safras do mesmo ano.

Em uma vinícola da ViniBrasil, grupo de Portugal, a logística é um desafio constante, pois os suprimentos precisam ser trazidos de longe.

A linha de espumante é genuinamente do Vale do São Francisco. A máquina foi montada por uma equipe do sul do país, com peças que vieram da Itália e da Argentina. A garrafa viaja 700 quilômetros, de Recife. A rolha, a proteção da rolha e o rótulo vêm de mais longe ainda: de Portugal. O estoque está lotado de garrafas e rolhas.

Temos que nos preparar para a ausência de materiais. Temos que ter uma previsão muito bem controlada, para durar durante o ano. São máquinas de alta tecnologia e que requerem uma mão de obra bastante qualificada. O que acontece é que muitas vezes os técnicos de manutenção estão a milhares de quilômetros daqui. Se nos avariar uma máquina de engarrafamento, o técnico mais próximo está na Argentina. Ou seja, iria demorar pelo menos uma semana para vir, avaliar o problema e, enquanto isso ficaríamos com nosso sistema de produção todo parado – explica o enólogo da ViniBrasil, Ricardo Henriques.

Existe uma empresa que faz a distribuição dos vinhos no sudeste, com previsão de estoques. Mesmo assim, a distância é um empecilho.

Se for uma encomenda urgente, nós não vamos conseguir satisfazer com muita velocidade porque o período que vamos ter para obter o frete, para carregar a encomenda e o tempo de chegar até o sul não é de um dia para outro.

A principal qualidade de se produzir vinho aqui no Vale do São Francisco é a qualidade do produto. Tem muito valor, tem muito potencial. Há muita coisa ainda que pode ser feita e ser explorada para conseguirmos obter matéria prima e vinhos diferenciados do resto do mundo.

Para quem já conseguiu transformar a caatinga em área produtiva, com a ajuda do sol e do São Francisco, sobrepor distâncias ainda é um desafio que precisa ser vencido todos os dias.

Fonte: http://sites.ruralbr.com.br

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Cosme Júnior